Quando o mundo mudava devagar, olhar para o futuro era uma arte envolta em segredos, sempre vislumbrando um produto de incorretas profecias. Mas hoje com a descoberta de novos meios de comunicação, a informação está acessível e disponível a qualquer hora em qualquer tempo. Não podemos falar da história das tecnologias, sem antes trazermos a história da educação no Brasil e como a tecnologia foi chegando e como ela mudou a educação e todos que estão envolvidos nela. O homem lida com a tecnologia desde o momento em que pegou um pedaço de carvão e fez os primeiros rabiscos na parede da caverna. No Brasil não podemos falar sobre a tecnologia sem trazer o avanço da educação, pois em todo o percurso elas estão de uma forma ligada. Assim os primórdios da educação no Brasil foram fortemente influenciados pelas metodologias dos Jesuítas, os quais chegaram em março de 1559, e após a sua vinda construíram a primeira escola brasileira com o objetivo, a propagação da fé religiosa, mas perceberam que não conseguiram converter os índios a fé católica sem que soubessem ler e escrever.
Desta forma os Jesuítas não se limitaram ao ensino das primeiras letras, além do curso elementar, mantinham cursos de letras e filosofia sendo considerados secundários, e o curso de teologia e ciências sagradas de nível superior, para a formação de sacerdotes.
Em 1759 os Jesuítas foram expulsos depois de duzentos anos sendo os únicos educadores do Brasil, este fato ocorreu das profundas e radicais diferenças de objetivos em relação aos interesses da corte. Já que a educação Jesuíta não convinha aos interesses comerciais portugueses, ou seja, elas tinham por objetivo servir aos interesses da fé, mas a corte optou por organizar a educação para assentir aos interesses comerciais do Estado. De acordo com o ensino adotado, Fava (2014) cita em seu livro Educação 3.0 que:
"Que a companhia de Jesus não só grifou o início da história da educação no Brasil como também foi a mais importante ação realizada no que diz respeito às consequências para a nossa cultura, sem o modelo Jesuíta, a corte implantou as aulas régias de latim, grego e retórica, e criou a diretoria de estudos, aulas régias autônomas e isoladas, com professor único, com um sequenciamento tal que uma disciplina não se articulava com as outras". (FAVA, 2014, p. 10).
Esse modelo não foi eficaz, a educação brasileira estava parada no tempo. O resultado de tudo foi que a educação estava em estado catastrófico, pois o modelo dos Jesuítas foi retirado e nada foi organizado para dar continuidade ao trabalho realizado. Se havia algo muito bem estruturado em termos de educação, o que se avistou após os Jesuítas foi o mais absoluto caos. E assim foi por todo o tempo do império, onde pouco se realizou pela educação brasileira e muitos reclamavam de sua baixa qualidade. O ensino superior nesse tempo se firmou como um modelo de instituto isolado, de natureza profissionalizante e elitista, já que atendia somente aos filhos da aristocracia colonial.
Segundo os relatos que o autor Fava traz em seu livro Educação 3.0, a primeira constituição brasileira, todos pensaram que mudaria a situação da educação, mas pouco foi feito, houve tentativas de várias reformas que pudessem dar uma nova guinada, mas a educação não sofreu um processo de evolução que pudesse ser considerado marcante ou significativo assim tiveram algumas tentativas de criar a primeira universidade brasileira, mas todas sem êxito. Com a chegada da República em 1889, sob a influência do ideal grupo de oficiais republicanos, consideravam a universidade ultrapassada, assim somente em 1912 foi criada oficialmente a primeira universidade brasileira, que durou apenas três anos. Então no dia 7 de setembro de 1920 fundou-se a universidade do Rio de Janeiro conhecida hoje como Universidade Federal do Rio de Janeiro, que trazia como cursos de Medicina e o de Direito.
A revolução de 1930 trouxe mudanças para a educação brasileira, com a chegada do capitalismo o país conseguiu investir no mercado interno a na produção industrial, essa nova realidade passou a exigir mão de obra especializada e para supri-la era preciso investir na educação. Desta forma foi criado o Ministério da Educação e Saúde Pública e o estatuto das universidades brasileiras. Assim de acordo com essas novas propostas as universidades podiam ser públicas ou particulares. De acordo com a explanação de Fava (2014, p. 13).
As décadas de 1930 e 1940 marcaram a consolidação da sociedade urbano-industrial brasileira e a criação de novos empregos tanto no setor público como no privado. Com a maior aceitação da participação da mulher no mercado de trabalho, a partir da década de 1940, principalmente no magistério, novos cursos passaram a ser frequentados pelas mocinhas que ingressavam na universidade e aspiravam a ser professoras. Essas faculdades que se disseminaram pelo país, na verdade, não passaram de um aglomerado de cursos, cada um formando um tipo específico de professor como, por exemplo, de história, de matemática, de geografia.
Após toda essa reviravolta, em um período de 14 anos foi criada a primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação que mesmo possibilitando certa flexibilidade reforçou o modelo tradicional, mantendo uma maior preocupação com o ensino que com a pesquisa e a extensão nas universidades.
Então em 1964 o golpe militar abortou todas as iniciativas de se revolucionar a educação brasileira, professores foram presos e demitidos, instituições de ensino foram invadidas, estudantes foram presos e feridos nos confrontos com a polícia, por buscar uma educação melhor.
Assim em 1971, que foi o período mais cruel da ditadura militar, quando qualquer expressão popular contrária aos interesses do governo era abafada com violência, nesse período foi instituída a lei nº 5.692, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e ela veio para tentar dar à formação educacional um cunho profissionalizante. No auge do regime militar a discussão sobre as questões educacionais perdeu seu sentido pedagógico e assumiu caráter político.
Certamente após o discurso do regime militar, a fase politicamente marcante da educação brasileira aconteceu sob a regência do presidente Fernando Henrique Cardoso que logo no início de seu governo trouxe grandes mudanças para o setor da educação sendo o principal foco a abertura de novas unidades de ensino, ampliação de cursos e construção de prédios. Assim não há como deixar de reconhecer que, em toda a história da educação no Brasil, contada a partir do descobrimento, jamais houve tantas execuções e criações de tantos projetos na área da educação em uma só administração.
Com a entrada do governo Lula, muitas alterações foram executadas no planejamento educacional, mas nenhuma ação efetivamente transformadora foi realizada, a educação brasileira continuou a manter as mesmas características históricas que, na prática, mostraram-se mais como instrumento de manutenção de status para aqueles que frequentaram os bancos escolares e menos um mecanismo de oferta de conhecimentos básicos para o desenvolvimento de competências e habilidades que levassem à melhoria da empregabilidade e do desempenho profissional do povo brasileiro.
Uma análise crítica da situação da educação brasileira leva a constatação de que se trata de um sistema complexo em que a interferência dos órgãos de gestão cria sérios problemas, desta forma a educação sempre enfrentou grandes obstáculos para chegar onde ela está hoje, mas ainda segue em melhorias como uma educação que proporcione empregabilidade, justiça social e respeito a todas as classes, assim fazendo um país com uma nação mais justa, com maior competitividade e mais igualitária.
Segundo Toffler (1980 apud FAVA 2014 p 27):
"Vivemos aqui para viver ou para chorar, estamos por morrer ou por nascer. Não rejeitar antecipadamente o novo, o surpreendente, aquilo que parece ser radical. Isto significa afastar os destruidores de ideias, que apressadamente reprovam qualquer proposta nova como irracional.·."
Na sociedade Pós-industrial, a família, a mídia, o cotidiano das escolas não são mais os mesmos, a educação no Brasil passa a ser vista sob uma perspectiva mais empresarial, surgindo dois mundos importantes e distintos. O primeiro conhecido como o primeiro mundo onde este gira em torno de custos, despesas, margens de contribuição e mercado de capitais, um mundo que entende que gestão é sinônimo de planilhas. Um mundo que não dispõe de empatia, emoção, e sentimento, um mundo que simplesmente espera que a astúcia, a destreza, força do jogo entre em ação.
Nesse mundo as instituições de ensino tem por objetivo o marketing, onde por muitas vezes impondo ferramentas tecnológicas que não visam à prioridade de ensino e aprendizagem, mas sim o sucesso, a melhor imagem da instituição. Nesse mundo corporativo, a ordem, a sequência das disciplinas e a permanência do corpo docente é determinada unicamente pelo custo. O segundo mundo é chamado de acadêmico, esse vai muito além da matriz curricular, as decisões são determinadas pela busca de um ensino responsável atual, acessível e de qualidade, sempre sendo referencial externo e comparativo.
Para o mundo acadêmico, é importante conhecer qual o recheio de cada unidade de ensino, que conteúdo ensinar, quais competências e habilidades desenvolver de modo a amparar, contemplar, atender as necessidades da sociedade da época, disponibilizando ao mercado profissional com alto índice de empregabilidade, aptos e preparados para as novas exigências presentes.
De acordo com Fava (2014) passamos por três períodos de mudanças na sociedade, o primeiro conhecido como a globalização 1.0, simbolizando pela criatividade dos países no uso da força física, período em que os países, motivados pelo imperialismo ou pela religião interligaram e integraram o mundo conhecido de então.
A globalização 2.0 tinha a força motriz ligado aos movimentos das empresas multinacionais, que se expandiram em busca de mercados com mão de obra barata, foi nesse período que houve o nascimento da economia global, em virtude da grande movimentação de bens, produtos, serviços e informações em escala mundial, assim adentramos na globalização 3.0 onde o arranque é na capacidade dos indivíduos de interagirem, colaborarem em um espaço universal. Está entrará para a história, pelas grandes revoluções que promoveram transformações no papel dos indivíduos, na gestão das empresas, na configuração de governos, no modo de inovar, na maneira de ensinar, no jeito de aprender, na maneira de disponibilizar e na forma de distribuir educação. Talvez nada disso fosse possível sem a ruptura da tecnologia.
Os seres humanos têm a necessidade desde o nascimento de inovar, de se relacionar, mas o novo assusta e intimida, mas se não procurarmos agir de forma diferente, no qual receptivos às novas ideias, o espírito se torna velho, estreito e fechado. Com a chegada da internet que permitiu que as pessoas se conectassem e se relacionassem como nunca antes não demorou para que as mesmas almejassem cada vez mais e não se contentassem em apenas navegar, elas querem trabalhar, compartilhar, interagir, comunicar, ensinar, estudar e aprender. A internet, as redes sociais possibilitam a todos mergulhar num oceano de dados e informações nunca antes disponíveis.
Desta forma Gabriel (2010 apud FAVA 2014, p 33) cita que a internet:
[...] permitiu a importante mudança de estar conectado para ser conectado. Estar conectado significa que eventualmente você entra e sai da Internet...
Ser conectado significa que parte de você está na rede – vive em simbiose com ela. Ser conectado significa poder expressar-se, publicar, atuar, escolher, opinar, criar, influenciar.
Com todos esses fatores que aconteceram na história da educação no Brasil, ela está novamente no centro das atenções, com tantas coisas novas acontecendo, provocadas pela tecnologia. Nesse decorrer surge à cultura interativa, cultura participativa, novo perfil do ser humano digital, nova maneira de ensinar uma nova forma de aprender. Com o advento da era digital, estamos novamente vivenciando uma revolução de época. Se na fase industrial, o cérebro foi separado, deixado de lado, na sociedade digital faz com que as pessoas coloquem o cérebro para funcionar para desenvolver habilidade de busca e separar o que é importante e útil daquilo que é descartável, então a tecnologia vem para facilitar e auxiliar, fornecer, soluções e alternativas para problemas nunca vistos antes, dilemas que não podem ser resolvidos com a aplicação mecânica de soluções padronizadas.
De acordo com o autor citado anteriormente a tecnologia auxilia e facilita, assim torna-se necessária nas escolas. Porém entendidas por especialistas e educadores como ferramentas essenciais e indispensáveis na era da comunicação, as novas tecnologias ganham espaço efetivo dentro e fora das salas de aula. Na sociedade digital, o volume de informações cresce cada vez mais e muito rapidamente o que transforma radicalmente as metodologias de ensino e aprendizagem assim as instituições de ensino deverão encontrar fórmulas eficazes para escolher conteúdos baseados no objetivo do que se deseja ensinar, abandonar as preocupações com o que já passou e concentrar esforço, atenção e energia no que está por vir.
Nessa nova educação a organização não será mais por disciplina de aprendizagem, mas sim orientadas pela aplicação do conhecimento, não somente focando o passado e o presente, mas olhando o futuro, pois as tecnologias, as profissões e o conhecimento são passageiros e se tornam rapidamente arcaicos. Para se ter sucesso precisamos de ofertas de um ensino estruturado, no qual disponibilizem aos docentes, materiais didáticos detalhados e aulas modelos desenvolvimentos de forma coletiva, bem como pela adaptação às diversas mídias, pelo lúdico dos conteúdos por meio de objetos de aprendizagem como jogos, animações, pela capacidade de ensinar por meio da jogabilidade, criando novosdesafios e consequente a necessidade de busca da autoaprendizagem. A sociedade digital, esta transformando a educação não somente em relação à escolha e organização dos conteúdos, mas também na forma de disponibilização. A escola está vivenciando uma transição espantosa, apavorante para alguns educadores, o professor não é mais o centro do processo, talvez ainda seja o mais importante, imprescindível e fundamental ator, mas o centro é o estudante.
FAVA, Rui. Educação 3.0. São Paulo: 2 ed. Saraiva 2014. P 47-59
GABRIEL, Martha. Marketing na era digital, 2010. IN: FAVA, Rui. Educação 3.0. São Paulo: 2 ed. Saraiva 2014. p33.
TOFLER, Alvin. A terceira onda, 1980. IN FAVA, Rui. Educação 3.0. São Paulo: 2 ed. Saraiva 2014. p33.
FAVA, Rui. Educação 3.0. São Paulo: 2 ed. Saraiva 2014. P 47-59
GABRIEL, Martha. Marketing na era digital, 2010. IN: FAVA, Rui. Educação 3.0. São Paulo: 2 ed. Saraiva 2014. p33.
TOFLER, Alvin. A terceira onda, 1980. IN FAVA, Rui. Educação 3.0. São Paulo: 2 ed. Saraiva 2014. p33.
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